Quase seis anos depois, em 1996, lá estava pela segunda vez sob o amparo de A Notícia. Desta vez, seria subeditor. Isso queria dizer que estaria muito mais na reportagem do que recolhido entre as quatro paredes da redação.

A reestreia seria acompanhar o desenrolar de todas as etapas da Volta Ciclística de Santa Catarina. A largada ocorreria em terras “italianas” de Orleans, no sul catarinense. O movimento de forasteiros já seria o suficiente para o alvoroço naquelas pacatas paragens. Uma pitada de mudança de hábitos então deixaria muitas beatas de boca aberta por algum tempo.

O que era uma rotina para os ciclistas já naquela época, nunca poderia passar de imaginação para o tradicionalismo das senhoras que frequentavam o salão de beleza quando o magrela Evanio Zimmermann foi buscar ajuda para retirar a penugem de suas pernas. "Aqui neste salão se faz depilação?", perguntou.

A procura pelo serviço fez Evanio esticar o pescoço para dentro da casa de beleza, até ali restrito para a ala feminina. E o que viu foi um espanto geral. Afinal, o que um rapaz estaria querendo com a depilação de suas longas canelas. O desespero passou de lado, com o ciclista sem saber como iria se comportar ao longo da prova sem retirar os pelos.

Evanio passou por este sufoco, junto com o espanto das senhoras, como também superou outros momentos adversos em sua carreira sobre duas rodas. Logo que chegou em Joinville descobriu que a calmaria de Rio do Sul, a cidade natal, ficou para trás. Veio para a cidade grande atraído pela oportunidade de participar de um novo projeto, através da equipe da empresa Lumière.

Estava em sua nova casa. Deixou a bicicleta, uma raridade para a época, ficou do lado de fora da casa, como se tudo fosse tranquilidade. A confiança se desfez em poucos momentos, o suficiente até descobrir que foi roubado. O garoto me foi apresentado na calçada em frente de A Notícia, na rua Caçador, pelo seu tutor - Raul Willy. E até hoje não conseguiu saber o paradeiro da bike.

O mundo deu voltas conforme a força empregada para o giro do pedal. Foi assim que Evanio passou por grandes equipes do cenário catarinense e nacional, até conseguir uma experiência internacional. Junto da companheira Ita esteve por algumas temporadas nos Estados Unidos, onde mostrou suas qualidades e a força de suas pedaladas.

Igual como era no início

Na primeira quinzena de maio de 2020 completou quatro décadas sobre duas rodas. Tempo suficiente para manter sob controle cada um dos itens de um bike, desde o guidão, selim, pedais e muitos outros detalhes. A comemoração, para entrar na história dos 40 anos de ciclismo, Evanio Zimmermann percorreu de uma só vez 190 quilômetros com roupas de lã, capacete de couro e pedal de pedaleira típico da época dos anos 1980, quando ele iniciou sua carreira. Um presentão para ele mesmo.

 - - - - - - - - - - - - - -

Solicito o incentivo dos leitores e amigos para ter este projeto finalmente ser colocado em prática. Clique no link. Contribua com o mínimo de R$ 20,00. Atingindo o valor suficiente estarei retribuindo com a versão digital do livro, em formato de e-book. Contribua e deixe seu contato (whatsapp ou e-mail) para em breve receber um exemplar da publicação eletrônica.